domingo, 14 de fevereiro de 2016

Humor de hoje

Hoje em dia o humor tá mudado. Nos antigamentes, havia piadas de gays e negros, podia-se falar sobre as particularidades e defeitos dos outros. Hoje não. Nada disso é políticamente correto.
Durante o carnaval vi uma reportagem de um bloco LGBT, onde protestavam os integrantes.Protestavam de outros blocos que tocavam músicas homofóbicas. O repórter perguntou quais e se limitaram a responder:- As marchinhas antigas. Ora, achei meio vago, mas vamos lá.

Outro dia, durante um serviço de pintura, vimos que a tinta ia ser a conta ou pouca. Para não arriscar, corri para uma grande empresa de bricolagem, que tem uma grande seção de tintas e que poderia preparar minha tinta com cor especial com facilidade e velocidade. Meu filho mais velho me acompanhava na ocasião.
Chegando à loja, peguei o papel com o nome da tinta e não consegui decifrar a letra do Negão, o pintor. Liguei para ele imediatamente enquanto ficava na fila das tintas especiais. A loja tava cheia para um domingo.
Como o celular estava com pouco sinal dentro da loja, falei um pouco mais alto que o normal, mas nada exagerado demais.

- Negão, qual a cor da tinta, mesmo
- Não ouvi, fala de novo.
- Qual a cor da tinta mesmo
- Vou olhar na lata. Há, é branco areia.
- Valeu, obrigado. Volto logo, vai sentando o pau.

Desliguei e ocupei de novo meu lugar na fila, que àquela altura estava sendo guardado pelo meu filho. De repente, uma senhora, com idade para ser mais que minha mãe, apareceu na minha frente com dedo em riste, dizendo que eu era racista e que deveria ser preso.
É incrível como as pessoas interpretam as coisas errado. Na verdade, o Negão pintor é e sempre será Negão. Não é modo de falar ou chingamento, é o nome do cara. Eu e todas as outras pessoas o chamam de Negão. Ele se chama e se apresenta como Negão.
Lembrei de um palavrão aprendido há pouco tempo no boteco e usei. A senhora saiu de perto escandalizada, Meu filho olhou torto para mim e disse que nunca havia me visto falar uma coisa daquelas. Absurdo!!
Bem, no fim foi ótimo, me passaram na frente da fila, me adularam e consegui voltar à obra em muito pouco tempo.
E feliz!!

Imagina o que seria do Costinha se vivesse nos dias de hoje. Não é permitido falar bicha, imagina bichinha.

Mas o humor mudou muito mesmo com a política. Eles riem de nós e agora nós rimos deles e de nós mesmos. Não há como discutir, tá bem hilário.
A Dilma assinou Passadena sem saber, assinou Abreu e Lima sem ter idéia do aumento das cifras.
O Lula é mesmo o mais divertido. Agora mandou sua mudança para um sítio que não é dele, Sua esposa acompanhou pessoalmente uma reforma de um apartamento na praia que não é dele. Viajou para diversos países, principalmente da África para fazer palestras, mas as empreiteiras que pagaram as palestras coincidentemente tinham dinheiro retido liberado, contratos assinados e outras benesses.Coincidência pura.

Só rindo mesmo!!

O Ogro!!

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Amigos do Peru

Por definição, louco é aquele cujo comportamento ou raciocínio denota alterações patológicas das faculdades mentais ( google ). Logo, seria errado chamá-los de loucos. No máximo poderíamos chamá-los de malucos. Afinal, sair de BH com destino a Arequipa no Peru, apenas para ver um jogo do Atlético,não remete a sanidade, nem menos a uma parcial.
Encontramos no balcão de sempre, tomando o golo de sempre, com as pessoas de sempre e falavam animadamente sobre a futura viagem, os dois amigos do Peru. Qual foi a surpresa com o descolamento ( ou maluquice ) que transmitiam. 
Nosso "Tio" médico não sabia nem ao menos quando voltariam de viagem. Os cartões de crédito não haviam sido liberados para o uso internacional e ninguém sabia nada sobre o hotel onde se hospedariam. 
No roteiro de viagem constava apenas: sair de Lima, ir a Arequipa, ver o jogo de galo Doido e..... mais nada. É isso aí, mais nada. Nadica de nada. Descobri que os malucos iam mesmo só para ver o jogo. 
Não tiveram a curiosidade de verificar quais as comidas típicas, os locais turísticos ( não iriam a Cuzco nem a Machu Pichu ) e nem os tipos de bebidas ou marcas de cerveja do país.
Iam ainda sem seguro saúde, mas, na última hora, através de uma chamada no Zap, conseguimos uma apólice, apesar do horário já adiantado. Afinal, eram quase 21:00 h de sexta-feira. Foi sorte.
No sábado, por volta de 4:00h saíram. Às 16:00h deram notícias via Zap, com um vídeo no buteco e a tradicional saudação da turma: 

Perderam Canalhaaaaaasssss!!!

E a história continua......

o Ogro!!!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O ano de 2016 e o Ogro.

          No ano de 2016 vou beber menos, parar de fumar, chegar cedo em casa, ter mais paciência com os filhos e a patroa, me dedicar mais ao trabalho e menos ao lazer. Deixarei de lado os amigos e, com o tempo livre, frequentarei mais a missa.

          Terei mais responsabilidade com o futuro e menos com o presente, plantando mais e colhendo menos. Gastarei menos e ganharei mais. O trabalho será minha palavra de ordem. Escreverei menos e trabalharei o dobro. No tempo livre, trabalharei.

          Vou fazer mais exercícios, andar mais, frequentar uma academia pelo menos três vezes na semana. Comerei menos carne e mais legumes, verduras e frutas. De preferência, virarei vegano.

          Agirei com mais inteligência e menos impulso, procurando uma visão estratégica em tudo. Não farei churrasco em casa nem em outros locais. Venderei minha churrasqueira e farei com o dinheiro uma horta hidropônica no meu quintal.

          Dormirei no máximo ás 22:00h e acordarei todos os dias ás 06:00h, impreterivelmente, mesmo aos sábados e domingos. Esquecerei o nome dos bares próximos e somente saberei o nome dos bares do passado. Serão lembranças.

          Não perderei tempo lendo ou vendo filmes. Muito menos as pornografias que me mandam hoje os supostos amigos. Vou abolir o Watszap do celular e somente atenderei pessoas produtivas como eu. Desligarei o facebook do computador, que só será usado para o trabalho.

Resumindo, em 2016 podem me chamar de outra coisa. Ogro não.
Depois de tudo isso, só me restará a morte.
Após todas as mudanças, o funeral do Ogro está marcado para 05/02/2016.
Ou podemos flexibilizar.....

Ou mesmo esquecer isto tudo.......
Ops, já esqueci!

O Ogro!!

O Cachorro da Família


               Um dia de chuva às vezes forte e às vezes fraca castigava a cidade, deixando as famílias presas em casa, fartando-se de biscoitos, televisão e internet. Na sala uma grande tv ficava ligada em tempo integral, mesmo que ninguém estivesse assistindo.

               Enquanto a TV alta gritava palavras sem sentido, o cachorro da casa rodava e rodava na cama, embaixo da cadeira, procurando o melhor lugar para deitar, ou simplesmente mudando de posição.

               Sem ninguém perceber, o cachorro levanta e vai olhar para a área, onde o carro estacionado e a chuva com suas gotas finas formavam uma paisagem bucólica, parada. O cachorro, entretanto, não muda de posição, não desvia o olhar e não dá um latido, um grunido sequer. Algum tempo assim, mas ninguém nota.

               O mais velho, deitado no sofá, só tinha olhos para o super-herói saltando na tela. O pai, sentado na sala digitava freneticamente no computador, que em cima da mesa da sala, deixava irritada a mãe, que queria servir o almoço ( Um frango ensopado, feito com o maior carinho ). O mais novo, jogando num computador ao lado da TV, nem olhava para os lados.

               Ninguém notou, mas o cão, hipnotizado, não desgrudava os olhos da área. Parecia nem respirar. De repente, num rompante, começou a uivar, num misto de uivo e choro, mas não chamou a atenção de ninguém. As atividades de cada um os impediram de perceber o que acontecia.
               A mãe continuava com o almoço, dividindo temperos e sal com o face e o zap. O mais novo, com fones de ouvido, o pai digitando e o mais velho com o som da TV forçando o home theater. Era só mais um som.

               O cachorro continuou com seu barulho cada vez mais alto, agora dando voltas em volta de si mesmo. Mesmo chamando a atenção desta vez, ninguém mexeu mais que o olhos, e somente uma vez. Houve um - Cala a boca !!! - vindo de alguém.

               Apertando os olhos, como se fitasse diretamente uma luz forte, o cachorro parou uivar e  foi para for, onde tudo estava quase inundado. Nunca antes havia se molhado. Fazia as necessidades dentro de casa, quando chovia, para o desespero da mãe.

               O almoço foi servido, e só então a falta do eterno pidão foi sentida. Procura daqui e dali, mas sem sucesso. Portas conferidas. Desespero instalado.

               Nunca mais foi encontrado.....

               O mais novo para na porta da área e fita algo no vazio. Ninguém percebeu......


                                                                                                                                                    Ogro!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A mulher que enganou o diabinho.


Depois de muita paulada, namoradas amalucadas e pouco comprometidas, a gente fica mesmo meio arredio às vezes.  Sem perceber, meio do contra. E foi com este espírito que tudo começou.
Numa pequena galeria de apenas 7 lojas perto da igreja Santo Antônio, havia alugado duas lojinhas. A loja três e a loja 7. No meio das duas, ficava a loja da minha mãe, decoradora de primeiríssima linha. Todas as lojas ficavam à direita da entrada e do lado esquerdo uma jardineira intercalava espaços que serviam de bancos nos horários de folga.
Um dia, sem muita diferença dos demais, passando em frente à loja cinco, provavelmente saindo da 3 e indo para a 7, o que acontecia sempre, ou ao contrário, vi a nova estagiária da minha mãe descendo as escadas. Foi difícil não notar.
Um cabelo esvoaçante e puxado para o ruivo, roupas meio extravagantes e um tamanco faziam parte da indumentária da garota. Parei no ar, com as pernas ainda andando mas a cabeça parada quase um metro para trás e quase fui ao chão. A manobra passou desapercebida por ela, que somente olhou de relance, mas não pela minha mãe. O olhar foi de reprovação e eu não disse uma palavra quando ela veio em casa, durante o almoço, dizer que não admitia de jeito nenhum que eu fizesse nada com a menina. Entre blás,blás e blás de mãe, só fixei – “Itabira” e “boa família”. Os “pelamordeDeus” nem contei. Meu pai não riu e minhas irmãs nem notaram. Nos falamos nos dias seguintes e mantive certa distância.
Como nada dura para sempre e a carne é fraca ( ou seria outro o ditado? ), nos encontramos à noite, numa casa noturna com música na Savassi. Tudo sem combinar. Eu com um grupo de amigos e ela com as colegas de faculdade. Depois de cumprimentar, não entendi bem como, ela sentou ao meu lado e conversamos distraidamente até o lugar fechar. Um colega ainda tentou demovê-la a ir embora pois era tarde e ele iria junto, mas ela agradeceu e quase me obrigou a levá-la. Como se já não quisesse. Ao chegar em frente ao seu apartamento demos um beijo que pareceu durar uma eternidade, mas foram apenas segundos. Pronto, era namoro.
Com o início do namoro caiu a máscara de jogo duplo da minha mãe. Enquanto que para mim falava para não mexer com a estagiária e apenas ressaltava suas qualidades, para ela me mostrava como um ótimo partido e também falava somente das qualidades. Talvez a curiosidade tenha nos unido de início. Mas como tudo, as coisas mudam com o tempo.
Depois de algum tempo, e talvez sem muito saber, uma reação natural do homem veio à tona. A vontade de fugir de compromissos mais sérios. E era isto mesmo que o namoro havia se tornado. Algo sério. Como em outras ocasiões, um diabinho no ombro direito falava o errado, mas para mim parecia o certo.
Nesse tempo, como em vários outros, o Stadt Javer era uma segunda casa, com conhecidos, amigos, amigas e muito chopp. Nesta época, ela cursava Arquitetura no Izabela Hendrix e minha única obrigação era buscá-la na sexta em frente à portaria da Rua da Bahia, às 22:00h, na saída. Depois poderíamos fazer nossos programas juntos ou voltar ao Stadt Javer para mais chopp´s. Acontece que o horário era difícil, pois havia começado no chopp por volta das 18:00h e o caneco estava cheio. Como deixava para o último minuto o pedido da conta e ainda contava com uma saideira para pegar o carro, fui sistematicamente atrasando o horário de chegada.
Um dia, depois de várias vezes atrasado, mas sempre perdoado, o diabinho foi mais forte. Desta vez cheguei com duas horas de atraso, faltando pouco para meia-noite. No caminho me xingava, mas autocrítica é imissível com chopp. Chegando na porta, havia somente uma luz de poste lá do alto iluminando um pedaço entre as árvores, onde, sozinha, ela esperava. Parei o carro e esperei um xingamento daqueles que já havia ouvido antes, e até um fim de relacionamento. Pensei até na minha mãe e seus sermões, quando, de olhos fechados e meio acuado, recebi um beijo no rosto e ouvi um – Vamos? .
Não teve briga, não teve término, não teve discussão e nem choro. Subimos, ela tomou banho, se aprontou e saímos para um barzinho perto da casa dela. Lá, com a maior calma, ela me disse que o problema de marcar as 22:00h e chegar atrasado era na realidade a insegurança, já que todas as outras pessoas da escola iam embora mais cedo e o porteiro fechava a portaria às 23:00h. Então, das 23:00h até minha chegada ela ficava sozinha e tinha medo de assalto. Me explicou que muitas pessoas saiam juntas para ter mais segurança e passavam na porta da  sua casa, o que seria mais racional. Foi só ao final que falou sobre os horários limite. Cinco minutos depois das 22:00h iria embora para casa, onde me esperaria até as 23:00h. Neste horário, já com as amigas em algum lugar, sairia. Sem brigas. Ouvi calado, mas esqueci depressa.
Na sexta-feira seguinte, o mesmo ritual. Do trabalho direto para o Stadt Javer, próximo das 18:00h. Muito chopp e o velho diabinho. Só quase meia-noite consegui sair e ir buscá-la. Não estava muito preocupado, mas devia. Chegando, não a encontrei em frente à escola. Estava ventando e a luz do poste encobria um lado escuro, que oscilava com o balançar de uma árvore. Ainda passei devagar e parei, olhando para todos os lados, meio espantado. Não tive dúvidas, estaria em casa. Como era muito perto, chegar foi rápido, coisa de poucos quarteirões. Saí do carro, ajeitei a roupa e bati o interfone. O interfone tocou sem resposta por cinco tensas tentativas, até a conclusão mais óbvia chegar, havia saído com as colegas de sala.
Arrasado, e sem mais um traço do chopp que há pouco me entorpecia, saí a sua procura nos bares próximos. Depois de passar por vários, encontrei ela no Assacabrasa da Rua Rio de Janeiro, numa mesa cheia de mulheres, com uma conversa regada a cerveja e risadas mil. De longe me viu estacionando o carro e levantou para ir ao meu encontro. Não disse uma única palavra. Me deu vários beijos, me apresentou para as amigas, pediu uma cadeira e um copo e fez de uma noite que poderia ter sido terrível uma noite memorável.

Numa época sem celulares, pode-se imaginar minha angústia. Pode-se também perguntar se falhei de novo. Respondo: Falhei muitas vezes e ainda falho. De preferência por motivos novos. Se casei? É claro que sim, como poderia deixar escapar o amor da minha vida? Uma mulher inteligente, que enganou o diabinho e me deixou na lona. 
Fim.